domingo, 19 de setembro de 2010

resposta ao tédio outro

Aquele tédio conhecia de longe.
Mais que isso: isolava-o.
Queria ver se testes se aplicavam nele.
Queria que ele fosse cotidiano.
E ele era.
O dia surgia quente - naquela cidade. Sem nenhuma brisinha que fosse.
Pudera: o calor queima os miolos. Foi ficando insólita.
Eis que rumava toda semana, ao mar-outro.
Não mar-morto. Mar-outro.
Fazia novas ondas, outros ares.
Até o sal tinha gosto distinto.
Lá ela podia fazer-se. Espreguiçar-se como kundera....
Lá ela podia dormir.
O cotidiano era tingido de cores ocres e rubras - ao mesmo tempo.
Virava arco-íris cintilante.
Envernizava paredes polidas.
Esmaltava cartilagens branqueadas.
O dia saía a vapor.
Nem se contavam horas, nem fios. Ele simplesmente passava.
Das noites e das insônias,
contavam-se sempre as peripécias sonhadas.
Planos eram aos baldes confeccionados.
Elas costuravam toda noite.
O tédio era fio mais bonito! Era da cor que quisessem, aquelas falantes!
O azul nem era um. Era monte.
O monte nem era pedra. Era mar.
O mar nem era lágrima. Era riso.
Riam.
E mesmo que nada dissessem, estavam lá a matar os rijos-cristais.
Se diluíam.
Se costuravam.
Se deleitavam.
Os sonhos - nem percebiam,
já eram realidade.

Um comentário:

Paula Zilá disse...

que lindo, minha amiga!

lindo!

mais uma vez me deslumbro diante de ti, de suas tão doces e leves palavras.

já com saudades de nossos papos de tudo, de nada.