Em terra de friagem firme
destino de menina é ser peixe de água quente.
quinta-feira, 30 de julho de 2009
Contingência
Meu texto é existência
contingente.
Abre-se em mil direções
Decifrá-lo é percorrer
os caminhos sonhados
estreitos
perdidos.
Não há sinal para doer.
Dói, quando dói.
O fato não tem direção.
A direção vem da alma
e é isso que dói.
contingente.
Abre-se em mil direções
Decifrá-lo é percorrer
os caminhos sonhados
estreitos
perdidos.
Não há sinal para doer.
Dói, quando dói.
O fato não tem direção.
A direção vem da alma
e é isso que dói.
Enxaqueca
Lateja a cabeça em dor.
Não quer saber do barulho lá fora.
Interessa-se - apesar de latejar -
pela voz que sai do gravador...
Pelo eco que se produz do corpo
cansado e vazio.
Não se está a morrer.
Enquanto lateja
a vida pede mais água
e sol.
Sina de cabeça que sonha:
lateja
lateja
depois se consome.
Não quer saber do barulho lá fora.
Interessa-se - apesar de latejar -
pela voz que sai do gravador...
Pelo eco que se produz do corpo
cansado e vazio.
Não se está a morrer.
Enquanto lateja
a vida pede mais água
e sol.
Sina de cabeça que sonha:
lateja
lateja
depois se consome.
Outridades
Não se pode dizer o que se é.
Ser é bifucar-se.
Abrir-se, partir-de,
espalhar-se...
É ter sensação de certeza
quando se é o mundo
todo e nada.
É ser outro.
É ser estrangeiro familiar de si mesmo.
Não digas o que pensas que és.
Ou, diga, apenas, diga.
Que a palavra se esvai,
impede o certo,
o fixo,
o inequívoco.
Se somos deserto mesmo
cheios de outros,
somos antes um nada,
um limite,
uma fenda.
Ser é bifucar-se.
Abrir-se, partir-de,
espalhar-se...
É ter sensação de certeza
quando se é o mundo
todo e nada.
É ser outro.
É ser estrangeiro familiar de si mesmo.
Não digas o que pensas que és.
Ou, diga, apenas, diga.
Que a palavra se esvai,
impede o certo,
o fixo,
o inequívoco.
Se somos deserto mesmo
cheios de outros,
somos antes um nada,
um limite,
uma fenda.
Possessão do traço
Escrevo porque morro.
Meu ser é enigma.
Minha lacuna se faz traço
para inscrever no papel
a falta, a minha morte,
o despir-me.
Sem recursos,
estou possessa.
E como nada tenho a perder,
traço.
Traço linhas enigmas
perdidas
pela minha morte cotidiana.
Impossível no papel
caber
meu destino inventado.
Fio partido
meu traço
traça a borda
da vida
da morte
escrevente e enigmática.
Meu ser é enigma.
Minha lacuna se faz traço
para inscrever no papel
a falta, a minha morte,
o despir-me.
Sem recursos,
estou possessa.
E como nada tenho a perder,
traço.
Traço linhas enigmas
perdidas
pela minha morte cotidiana.
Impossível no papel
caber
meu destino inventado.
Fio partido
meu traço
traça a borda
da vida
da morte
escrevente e enigmática.
Intervalo
Quanto vale o espaço
que se interpõe
entre palavra e outra?
Quanto vale a palavra
que se entreabre
entre um sentido e outro?
Que fio costura o dizer?
que fio?
que se interpõe
entre palavra e outra?
Quanto vale a palavra
que se entreabre
entre um sentido e outro?
Que fio costura o dizer?
que fio?
Transverso
O verso que tranço
entrelaça espaço,
palavra e tempo.
Verso que amarra,
afrouxa, se arranca, se veste.
Verso de dormir,
Verso de comer,
Verso de amar.
Verso contado, transviado, perdido.
Narrado em vida
suscita
enlaça
e transversa.
entrelaça espaço,
palavra e tempo.
Verso que amarra,
afrouxa, se arranca, se veste.
Verso de dormir,
Verso de comer,
Verso de amar.
Verso contado, transviado, perdido.
Narrado em vida
suscita
enlaça
e transversa.
Assinar:
Postagens (Atom)