quinta-feira, 2 de agosto de 2007

Estado de Coisas

Morna estás mas não haverás de ficar...
Entras pois em ebulição!
Quando como ferves um caldeirão d'água
e palpitas bolhas quentes a movimentar
o que dantes estava parado.
O vapor que aquece
também umidece o que se aproxima.
Mais tarde verás que a gota d'água
que desce dos olhos é calor...
Que o calor que agita a lágrima também faz sorrir o coração.
E se de novo passares do ponto,
secando
retornarás de onde partistes.
Voltas ao estado primeiro
e recomeças sempre.

O menino passarinho

E aquele menino era assim: mãos e pés grandes, mas olhar de passarinho.
Gostava de pipas e gaiolas.

As gaiolas não careciam de aves. Gostava mesmo de olhar andorinha.

Às vezes na escola,
pensava que era ditoso,
com penas largas e densas.

Sonhava em alçar o pico da montanha
mais alta que se via lá de casa...

Da janela seus pequenos olhos
saltavam grandes histórias.
Cantarolava tristeza
e essa logo saia de perto.

Já viu?
Menino despistar tristeza?
Pois esse fazia.

Fazia também perguntas em forma de pio...
Sua professora chegava a ficar nervosa. Não entendia nada.

Raros adultos têm olhar de passarinho.

Mas o menino...

O menino não desistia.
Envergava uma pipa e lá ia longe
a empenhar palavra.

palavra em forma de pio.
Ora veja se é possível...

Esse menino
cor de amarelo canário não se cansava.

Poucas vezes até cansava.
Mas quando recordava andorinha
voltava à empenhar pipas.

Tinha gosto pelas alturas.

Tinha sonho de menino...