Farei em uma parede
papel de fotografias velhas e gastas.
Pelo tempo....
pegarei as rugosas,
as amareladas,
as que conservaram coloridos nas pontas,
as de centro e de cantos....
Elas comporão um mosaico de lembranças.
Ficarão naquela sala perdida.
Na parede branca
que tornar-se-á arco-íris.
E se depois de pronto
meu quadro de fotografia
feito papel de parede
não trouxer de volta
a música antiga e um gosto de pó...
esperarei sentada de frente à ele
como quem guarda na memória uma dor pequena.
Ficará ali,
para lembrar-me de que muitos feitos foram passado.
E se algum dia
da parede de lembranças
escorrer uma lágrima amarelada
saberei que é hora de partir.
domingo, 14 de dezembro de 2008
Cerejas e bananas
Contou-me ele que
preferia bananas.
Fruta que mais apreciava.
Assim mesmo
pôde ir a uma incrível viagem.
À um encontro saboroso da vida.
E disse ele: "a gente pensa que lá - como nos fazem acreditar -
não há nada de bom.... só terrorismo e pobreza"
Mas não é isso.
Lá até a pobreza tem um pé carregado de cerejas.
E conclui: "acordava de manhã e aquele pé lá - carregado - de cerejas".
Em pouco tempo
havia comido mais cerejas
do que bananas a vida inteira.
Para E. Mourad
preferia bananas.
Fruta que mais apreciava.
Assim mesmo
pôde ir a uma incrível viagem.
À um encontro saboroso da vida.
E disse ele: "a gente pensa que lá - como nos fazem acreditar -
não há nada de bom.... só terrorismo e pobreza"
Mas não é isso.
Lá até a pobreza tem um pé carregado de cerejas.
E conclui: "acordava de manhã e aquele pé lá - carregado - de cerejas".
Em pouco tempo
havia comido mais cerejas
do que bananas a vida inteira.
Para E. Mourad
As pessoas estão a ver tv
As pessoas estão a ver tv...
Na tv está a passar a vida de outras tantas...
E a vida...
ninguém a vê passar?
Enquanto a música ressoa dentro de mim
reparo ao redor:
as pessoas estão dormindo.
Eu sonho acordada.
Pouco importa que os outros durmam.
Deixo-os.
Não suporto a tv anunciando a vida parca,
seus enfeites artificiais,
suas facetas apodrecidas e mal cheirosas.
Seus sons bizarros, suas intolerâncias.
Deixo-me a boiar
como se estivesse numa piscina de melodias
boas e leves...
Não quero ver tv.
Quero a música a ressoar em mim.
Quero as cores, os sabores.
Os bons e velhos sonhos.
Ei, será que tem alguém aí?
Não posso mais esperar...
Por favor
desligue a tv.
Na tv está a passar a vida de outras tantas...
E a vida...
ninguém a vê passar?
Enquanto a música ressoa dentro de mim
reparo ao redor:
as pessoas estão dormindo.
Eu sonho acordada.
Pouco importa que os outros durmam.
Deixo-os.
Não suporto a tv anunciando a vida parca,
seus enfeites artificiais,
suas facetas apodrecidas e mal cheirosas.
Seus sons bizarros, suas intolerâncias.
Deixo-me a boiar
como se estivesse numa piscina de melodias
boas e leves...
Não quero ver tv.
Quero a música a ressoar em mim.
Quero as cores, os sabores.
Os bons e velhos sonhos.
Ei, será que tem alguém aí?
Não posso mais esperar...
Por favor
desligue a tv.
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