segunda-feira, 10 de dezembro de 2007

Luzes de natal

Para clarear a escuridão em mim
enfeitei minha janela com luzes de natal!

As pequenas e fragéis luzinhas
estão a cá a brilhar...

A olhar por seus vidrinhos singelos
diríamos que não poderiam iluminar tanto.

Mas elas estão lá a brilhar.
Firmes e reluzentes.

Quase que chegam a dançar.
Olhando ao longe,
parecem dizer ao mundo:
"Acende-se"!

Basta de escuridão por hoje.

sexta-feira, 7 de dezembro de 2007

amor de adélia

"O amor quer abraçar e não pode.
A multidão em volta,
com seu olhos cediços.
põe caco de vidro no muro
para o amor desistir.
O amor usa o correio,
o correio trapaceia,
a carta não chega,
o amor fica sem saber se é ou não é.
O amor pega o cavalo,
desembarca do trem,
chega na porta cansado
de tanto caminhar a pé.
Fala a palavra açucena,
pede água, bebe café,
dorme na sua presença,
chupa bala de hortelã.
Tudo manha, truque, engenho:
e descuidar, o amor te pega,
te come, te molha todo.
Mas água o amor não é."

quinta-feira, 6 de dezembro de 2007

Cães e andorinhas

Li em meu horóscopo que virginianos gostam de cães e andorinhas.
É verdade.
Talvez seja pelo fato dos cães serem animais pacíficos e felizes.
Bom, pelo menos o meu.
As andorinhas por serem livres.
Então faz até sentido porque paz e liberdade são mesmo preciosidades.
Num é que às vezes acordo andorinha... meu cão me lambe o nariz e me olha como quem diz:
"Ainda estás a dormir? Espreguiça-te... "
Ele já é compridinho e esticando-se quase do nariz me alcança os pés!
A cá está ele nos meus pés a dizer:
"Ai... conforto e calma não fz mal a ninguem".
Acho que ele sabe exatamente como é minh'alma.
Mesmo quando me olha com estranheza.
E o familiar é estranho...
Acordar andorinha não é para todo dia.
Mas por ora, até não me parece impossível.
Poderia pensar que meus bichos são os mais comuns...
Não previram bichos esotéricos...
bizarros...
distintos...
Um cãozinho e uma andorinha.
Ah é. O comum tem o seu lugar.
Esses dias ... quis eu... ser um animal estiloso, diferente, fenomenal...
A pensar como seriam alguns amigos bichos
tive eu inveja medonha.
Passou logo. Ao me avistar andorinha me vi bando.
Comum.
Pequena.
...
livre, também.
Se minhas 'asapés' me trouxeram aonde cheguei hão de me levar a outros campos em flores...
Se não puderem voar alto farão algum vôo apenas.

Meu cão também me ensina a rezar. Alguns podem dizer: "desde quando cães rezam..."
Mas o meu, dá licença, reza sim senhor!!!
Ele me diz pela manhã, quase sempre:

"Minha Mãe Senhora Nossa
me dê um raminho roxo e um suspiro de descanso sem palavras"

Acredito no que diz.

Também peço a Ela calmaria. Quando não dá para acordar andorinha.

quarta-feira, 5 de dezembro de 2007

quarta-feira, 28 de novembro de 2007

Os girassóis
se perderam
dos meus olhos...




talvez o sol não tenha mais surgido para eles (?)

...

até prefiro palavras alheias
comer vazios não guarda musicalidade.

desde que cheguei aqui
importa menos a minha própria casa.

o vasto mundo me chama à janela.

corro mais de mundo e meio só
em pensamento.

estou mais só do que aprisionada.

Dias frios

Os dias frios me transparecem a alma...
Neles, me desfaço em blumas
apareço cálida e serena...
Tenho vontade de dormir horas a fio.
Enovelo.
Faço-me casulo para na primavera mostrar asas cintilantes.

Se pudesse, cataria pelo menos
meia dúzia de pimentas vermelhas.
Só para contrastar com próprio cinza-escuro.

Mas há certo fervor dentro de mim.
Ele aquece, pouco a pouco, as lembranças
como quem saboreia um gole de conhaque.

Ah... os cachecóis!
Sabem como aprecio o contato macio.

Nos dias frios
sonho acordada com a gota d'água que corre a porta.
Enquanto ela busac seu curso
meus dedos dos pés desenham calçadas.

Já não importa se é velho ou gasto
o gosto ainda é rubro e quente.
Mesmo que os dias sejam frios.

quarta-feira, 21 de novembro de 2007

Segundos

Quero coisas simples... dessas que fazem aquietar o espírito.
Como pôr pés descalços pela manhã em terra molhada
pelo frio da noite.
Tomar café preto em xícara branquinha, aromático e saboroso.
Plantar margaridinhas amarelas no jardim do quintal.
Deixar que as ervinhas medicinais falem de Deus toda manhã.
Desaprender a pensar
só para pensar verdadeiramente.
Ouvir de longe a música serena a entoar a lembrança
viva e lúcida que guarda a memória.
Ter um velho par de meias e chinelos.
Um pijama gasto pelo tempo e macio.
Provar um chá quentinho na beirada da chuva que cai da porta.
Fazer oferenda de vinho ao amor feito na cama gostoso e quentinho.
Morrer de calor ao dia e tomar um banho cheiroso.
Fazer parar o olhar por segundos no meio da multidão
ao ver, mesmo que longe, um garotinho brincando.
Lembrar que a morte faz perder e faz ganhar, sempre.
Que nem tudo tem explicação...
Deixar ou deixar-se ao léu...
ainda que por segundos...

segunda-feira, 19 de novembro de 2007

Em greve de mim mesma

Não fale nada.
Estou em greve.
Não quero ouvir nem minha incansável companheira
saudade.
Hoje sou o proprio negativo.
Como a película fotográfica em que os claros e escuros aparecem invertidos em relação ao original...
negativo da possibilidade de ser positiva...
negativo de conter negação...
negativo de negativista...
Proibitiva. Contrária. Contraprocedente.
Nula.
Menor que zero.
Negável.
Negligente.
...
A cá somente a fiel escudeira sabe o que se passa.
Meu espírito de negação sistemática está de negação com ele mesmo
Ora pois. Nenhuma incoerência me preocupa.
Não tenho responsabilidade com ninguém.
Não hoje.
Estou em greve.
Inda não sei temporária ou não.
Não pertube. Digo-me.

segunda-feira, 12 de novembro de 2007

Azulzinho

Diziam-me melancólica. Acreditei.
Bom, não que fosse mera crença. Achava mesmo.
Por muito, às vezes isto insiste em mim.
Já me fizeram poemas. Eu sei.
Mas foram inspirados na porção melhor.
Ora sim, ora não, sinto-me estranha.
Estranheza firme. Implacável.
Agora, porém, refaço-me às avessas.
Tomo um banho de sal grosso e levanto-me.
Penso bem que o azul do céu me anima. Seja ele claro ou da noite.
O dia amanhece.
Minha alma também.

sábado, 6 de outubro de 2007

quarta-feira, 3 de outubro de 2007

Dizem por aí...

Disseram-me que o espaço conspira...
Tenho esta nítida impressão.
Ainda não decidi para qual lado ele conspira, mas que conspira...
ah isso sim!
Vez em quando uma previsãozinha não faz mal a ninguém...

"O signo de Virgem é um dos mais mal compreendidos do zodíaco... são muito sistemáticos e metódicos. Manter uma amizade com eles vai exigir um pouco de paciência...Freqüência da minguante lunar é de equilibrar emoções, cuidando do estômago, que tudo digere no plano físico, e também de processar o que você não engoliu emocionalmente - o que dá no mesmo no plano astral. Interiorização e conforto familiar serão essenciais nos próximos dias. Amor, só se for incondicional."

...a não ser quando ela te arrebenta!

segunda-feira, 24 de setembro de 2007

sem sentido

Depois de um tempo algumas coisas, mesmo que belas, ficam diferentes. Se alguém me perguntasse sobre se isso é ruim, acho que responderia que não sei.
O lugar estranho deixou de ser estranho de algum modo. A cama deixou de ser vazia. O calor volta a incomodar como algo da rotina. A lua ainda causa certa surpresa pelo menos uma vez ao mês. Os dias da semana correm...
Mesmo não sabendo de que falo agora, escrevo.

domingo, 16 de setembro de 2007

"o que você quer saber de verdade"...

recebi este poeminha....
seu texto lúdico me animou a seguir....

"vai sem direção
vai ser livre
a tristeza não
não resiste
jogue seus cabelos no vento
não olhe pra trás
ouça o barulhinho que o tempo
no seu peito faz
faça sua dor dançar
atenção para escutar
esse movimento que traz paz
cada folha que cair
cada nuvem que passar
deixa a terra respirar
pelas portas e janelas das casas
atenção para escutar
o que você quer saber de verdade"

terça-feira, 11 de setembro de 2007

minha própria sabotagem

Bom....
Nem anos de análise resolveram isso.
É triste mas é verdade.
Aquela sabotagem de quinta categoria que você faz com você mesmo e não pode sequer reclamar porque já a identificou direitinho...
A Sra. analista que dê jeito.
Faça-me o favor.... assim não é realmente possível...
...
A cá estou a tentar compreender como é inescrupulosa essa sabotagem...
Se fosse de outrem para comigo
deveria eu metê-lo um soco no meio das fuças!
Mas sendo eu comigo mesma
tal revide torna-se bastante complicado.

"Sai dessa vida, criatura....."

sábado, 8 de setembro de 2007

ah tempo fugidio...

dias e dias...

Dias e dias se transcorrem e eu aqui.
A impressão nítida e plácida é de que estou a andar como caranguejo.
Não sei se os sentidos estão a mentir... mas de todo jeito.....
Nenhum dia se passou, desde então, que não me desfaço em lágrimas.
E ainda tenho q ouvir que na verdade, na verdade, não passa de mim...

ARGH!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

sábado, 1 de setembro de 2007

domingo, 19 de agosto de 2007

Pau Brasil

Na beira da BR 101 tem uma árvore de Pau Brasil.
Vai saber como foi parar lá.
Árvore imponente aquela. Alta mesmo. Está cercada por uma proteção de telha de alumínio...
Aquela árvore histórica deve receber milhares de olhares por dia. E com certeza, se tivesse olhos também veria muitas coisas a acontecer naquela estrada...
Não faço a menor idéia das inúmeras coisas estranhas que devem se desenrolar ali...
Bom... pouco importa.
Na verdade é que aquele Pau Brasil me atrai... Diriam que Freud explica.
Nem é tanto por sua imponência. Mas por sua solidão cercada...
Ele está lá. Só.
Só que sua solidão não é qualquer solidão.
Onde ele se encontra não há árvore vizinha. Não há nem unzinho eucalipto ou pé de manga do lado.
Não sei como explicar.
Sua solidão não é triste nem saudosa.
Sua solidão é bela...

sábado, 18 de agosto de 2007

Livro de receitas

Os antigos sempre tinham livros de receitas... Ainda me lembro dos de minha falecida avó. Tinham papeizinhos amarelados de tão velhos guardados junto aos escritos a lápis. Quando se abria um deles saía aquele cheirinho de guardado.... Coisa curiosa.
Uma simplicidade saborosa. Ali se tinham inúmeras receitas: biscoitos, pães, bolos, tortas, chocolates, pimentões recheados, salgadinhos, maçãs do amor... se lembram disto? comíamos em festas juninas... e o frio até ficava mais rubro... ainda tinha receita de macarrão, de arroz, de feijão! Pensam que acabava nisso? Tinha receita pra dar e vender.
Me ocorre até uma lembrança esquisita: os biscoitos água e sal que minha avó levava ao forno. Comíamos aquilo como se fosse o prato mais saboroso do mundo!!! crianças...
Quando fuçávamos os livrinhos esperávamos mesmo era acharmos segredos.
Qualquer papelzinho daquele era motivo para investigação... colocávamos a devanear... achando que por detrás das receitas escritas com letras trocadas haveria algo a nos dizer talvez mais...
É engraçado como de coisas esperamos outras. Como que de receitas das coisinhas gostosas de comer talvez esperássemos algum indicativo seguro... bem que se podia ter criado uma receita para o amor, por exemplo...
Não receita de bula... mas receita de comer... algo assim bem recheado.
Que quando fosse perdendo a graça, leríamos no livrinho e poderíamos prepará-lo de modo novo... o mesmo arroz, cozido diferente.
Tipo o biscoitinho água e sal re-assado no forno depois de pronto! Sabor inédito.
Hoje peguei meu livrinho de receitas para organizá-lo.
Ao abrí-lo revi ali receitas que jamais experimentei mas estão lá... bem à altura das mãos...

domingo, 5 de agosto de 2007

sábado, 4 de agosto de 2007

quinta-feira, 2 de agosto de 2007

Estado de Coisas

Morna estás mas não haverás de ficar...
Entras pois em ebulição!
Quando como ferves um caldeirão d'água
e palpitas bolhas quentes a movimentar
o que dantes estava parado.
O vapor que aquece
também umidece o que se aproxima.
Mais tarde verás que a gota d'água
que desce dos olhos é calor...
Que o calor que agita a lágrima também faz sorrir o coração.
E se de novo passares do ponto,
secando
retornarás de onde partistes.
Voltas ao estado primeiro
e recomeças sempre.

O menino passarinho

E aquele menino era assim: mãos e pés grandes, mas olhar de passarinho.
Gostava de pipas e gaiolas.

As gaiolas não careciam de aves. Gostava mesmo de olhar andorinha.

Às vezes na escola,
pensava que era ditoso,
com penas largas e densas.

Sonhava em alçar o pico da montanha
mais alta que se via lá de casa...

Da janela seus pequenos olhos
saltavam grandes histórias.
Cantarolava tristeza
e essa logo saia de perto.

Já viu?
Menino despistar tristeza?
Pois esse fazia.

Fazia também perguntas em forma de pio...
Sua professora chegava a ficar nervosa. Não entendia nada.

Raros adultos têm olhar de passarinho.

Mas o menino...

O menino não desistia.
Envergava uma pipa e lá ia longe
a empenhar palavra.

palavra em forma de pio.
Ora veja se é possível...

Esse menino
cor de amarelo canário não se cansava.

Poucas vezes até cansava.
Mas quando recordava andorinha
voltava à empenhar pipas.

Tinha gosto pelas alturas.

Tinha sonho de menino...

quarta-feira, 1 de agosto de 2007

como dizia o poeta...

"Ando muito completo de vazios.
Meu orgão de morrer me predomina.
Estou sem eternidades.
Não posso mais saber quando amanheço ontem.
Está rengo de mim o amanhecer.
Ouço o tamanho oblíquo de uma folha.
Atrás do ocaso fervem os insetos.
Enfiei o que pude dentro de um grilo o meu destino.
Essas coisas me mudam para cisco.
A minha independência tem algemas."

Manoel de Barros - O Livro das Ignoranças

segunda-feira, 30 de julho de 2007

tela cinza


Hoje o dia é uma tela cinza...


Um vazio em forma de mar.


As ondas que te levaram também te trazem à memória...


e para que não fiques perdido... um pedido:


Fiques bem...




Adeus.




Em memória de José Tiago Reis Filho.

sábado, 28 de julho de 2007

quarta-feira, 25 de julho de 2007

ai neruda...

decido compartilhá-lo

"o amarelo dos bosques
é o mesmo do ano passado?
e se repete o voo negro
da tenaz ave marinha?
e onde termina o espaço
se chama morte ou infinito?
que pesam mais na cintura, as dores ou as lembranças?"

sábado, 14 de julho de 2007

Minha tecitura é frágil
feito colcha de linha
se estica com o tempo e
se perde nas mãos
já sem cor revela seus pontos
encontros

vazios.