sábado, 22 de maio de 2010

"Carta roubada"

Do jogo que encontro em franco movimento me ocorre uma clandestinidade bonita. É que ouvindo as escrituras dessas vozes, sinto-me clandestinamente convidada a participar.

Participar de quê? Nem me pergunto.

São as sensações que me apetecem.

E, hoje nem é tão quente que os poros estejam abertos. Mas os olhos estão.

Pelas palavras-chamas fui atingida. Nada que estremeçam as pedras.

Sem que, contudo, tenha sido convidada, faço-me intrusa. Respondo a mil vozes que se entrecruzam, mesmo a noite ainda encontro inesperado sol.

É para dizer dos encontros. É para registrá-los.

Com o tempo, com o sol, com as máscaras em baile, com a rebeldia, com o amor, com as mil e uma noites... enfim. Nem tudo que ultrapassa a tela cinza faz sentido. Mas se diante do nonsense podemos ainda clandestinar, é porque nem tudo está pronto. E não estando, podemos pôr a funcionar.

Outro dia, enquanto a estrada roçava o horizonte, vislumbrei o mar em calmaria. Mas ele nem sempre é calmo. Ele é forte. É intruso. Entra em nós, sem que percebamos, e bota sal na vida e nos versos.

Não é curioso que tenho um mar nos olhos?

Aos bons encontros. Potencialmente clandestinos.

Abç.

Cf.

2 comentários:

Paula Zilá disse...

Estadia sempre passageira.
Estadia, estando, estado, estou, estamos.
estava, por entre-flores, encantada que até rubores!
dia claro, nuvem-chama, arrisco um palpite:
é velha a nossa cama,
como o gasto do gastado,
tão boa, que nem apressado!
vem no tempo, ouço o espaço,
por ora, da janela, espreitou a aurora,
vijante balinesa, em cuba se faz francesa,
é verde aquela força, todavia havia uma moça de nome todávia que dizia das cores de outra maneira.
maneirava inteira cada sutileza de viver.
e era bonito, enchia os olhos de
querer.
sabe, a gente passa o dia em repente,
de repente,
sente,
é tudo tão vermelho nas cores:
amáveis sabores!

Carla disse...

Ela chega sem avisar como se pudesse. E pode. Quero vc por aqui!