quinta-feira, 30 de julho de 2009

Possessão do traço

Escrevo porque morro.
Meu ser é enigma.

Minha lacuna se faz traço
para inscrever no papel
a falta, a minha morte,
o despir-me.

Sem recursos,
estou possessa.

E como nada tenho a perder,

traço.

Traço linhas enigmas
perdidas
pela minha morte cotidiana.

Impossível no papel
caber
meu destino inventado.

Fio partido
meu traço
traça a borda
da vida
da morte
escrevente e enigmática.

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