Um pequeno caderno. Discretas linhas. Palavras vermelhas.
Estou grávida.
Já havia escrito ao amor um dia estar prenha de desejos.
Ele veio. Acreditou. Forçou em mim sutilezas. Tecituras.
O amor trouxe as letras e, por vezes, as rasgou furioso. Mas logo manso, fez colo e travesseiro para que eu me deitasse novamente. Se jogou aos meus pés. Beijou-os suntuosamente.
Evadiu-se.
Ele vem. Ele vai.
Sim. Hoje via o beija-flor. Foi como ouvir aquela história contada pelo velho negro coberto em lágrimas e suores.
O pássaro da fineza. Beija a flor quase sem tocá-la. Fica no ar. Faz um enorme movimento. Contínuo.
Mas quem o vê quase não percebe seu custo para beijar a flor e ficar no ar.
Ele fica.
As letras aos poucos caem do papel. Vão adentrando para a alma, como os tremores de vovô.
O medo varia. Ora firme, ora diluído como pingo dágua.
Na chuva que escorre lá fora corre mais do que posso dizer.
Há um impossível-palavra.
Este fica e me faz companhia até que eu adormeça.
Um comentário:
Que nasça.
Postar um comentário