Caro,
Dizem-me para escrever-te.
Aceito.
O primeiro disparo é em mim.
Mesmo sem saber o que escrever. A cá estou.
Experiência estranha. Arrancada.
Isso me faz pensar: quantas muitas das vezes,
estranhamos estar com aqueles que julgamos conhecer.
A ti, nunca encontrei. Converso contigo, como conversando comigo mesma.
Não sabes que me lembro, que deste lado
meu deus
tu és como eu: estranho.
Daí, então, poderia contar-te segredos?
Poderia falar-te de amor?
Deveria escrever seriamente.
Ou quem sabe, austera e formal.
Mas ainda dói quando arrancamos algo.
Como saber o que farás com minhas palavras?
Como dizer se elas te encontrarão o íntimo ou
cairão terra asfaltada, sem juras e sem valor?
Fico entre pedir-te mais um pouco
ou
entre pôr ponto de basta em frases incomuns.
Mas opto
por uma terceira margem.
Pra fazer lembrar nosso poeta mineiro:
Ofereço-te Rosas!
3 comentários:
Carol, esta carta desassossegada diz tanto dos estranhamentos 1ºs, não é?
Aqueles que costumamos ter diante do espelho.
linda!
beijocas
carta poesia. linda! agora que conheço a sua voz, sinto que é a voz dessa carta. macia guardando intensidades.
"A ti, nunca encontrei. Converso contigo, como conversando comigo mesma."
Já vivi algo assim. O outro nunca me ouviu, nunca me entendeu. Eu de tanto conversar comigo, descobri coisas de mim, fiquei me conhecendo melhor.
Foi bom ler você. abraço
Postar um comentário